segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A gente se acostuma

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. 
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. 
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto. 
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.  

Marina Colassanti

Nao Fecha a Porta, Tá, Tranquilo???

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"DESEJOS" ou "OS VOTOS"


Pois, desejo primeiro que você ame e que amando, também seja amado,
E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos e que, mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis...e que em pelo menos um deles você possa confiar, que confiando, não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos, nem poucos,
mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiadamente seguro.
Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituivelmente útil, mas razoavelmente útil.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que essa tolerância, não se transforme em aplauso nem em permissividade...para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que, sendo velho, não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
E é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo, por sinal, que você seja triste, mas não o ano todo, nem em um mês e muito menos numa semana, mas apenas por um dia. Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo,
Talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes...e que estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo ainda que você afague um gato, que alimento um cão e ouça pelo menos um joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal;
Porque assim você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por mais ridícula que seja, e acompanhe o seu crescimento dia-a-dia...para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que, pelo menos uma vez por ano, você ponha uma porção dele na sua frente e diga:
"Isso é meu". Só para que fique bem claro quem é dono de quem.
Desejo ainda que você seja simples, não inteiramente simples,
não obcecadamente simples, mas apenas usualmente simples.
Mas que essa simplicidade não impeça você de abusar quando o abuso se impõe.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você,
Mas que, se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo, por fim, que sendo mulher, você tenha um bom homem...e que sendo homem, tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez...e novamente, de agora até o próximo ano acabar...e que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar. 
E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar.

Sérgio Jockymann

Perdidos da Ilha

Estavam de férias em um navio um americano, um brasileiro e um português.
Só que o navio onde eles estavam afundou próximo a uma ilha e os três foram os únicos sobreviventes. Os três foram nadando pra ilha, aparentemente deserta, mas quando eles chegam na praia, surgem nativos que os prendem e os levam para o chefe da tribo.
O chefe olha bem para eles, e diz:
- Se quiserem continuar aqui, vão para a floresta e cada um terá que trazer duas frutas diferentes. Sem pensar duas vezes, os três sumiram no meio da mata e o primeiro a chegar com uma fruta foi o americano, que trouxe uma uva e uma amora. Ao receber as frutas, o chefe da tribo falou para o americano:
- Agora ponha a uva e a amora no rabo e se rir... morre!
O americano colocou a uva e deu uma risadinha, resultado: foi decapitado!
Depois chegou o brasileiro com uma laranja e uma maçã. A ordem se repetiu:
- Coloque as duas frutas no rabo, se rir... morre! - falou o chefe.
O brasileiro colocou a maçã, mas na hora da laranja caiu na gargalhada e foi assassinado! Ao chegar no céu, o brasileiro encontrou o americano andando pelas nuvens. O brasileiro então pergunta ao americano:
- Deu risada também?
- É! A uva fez cosquinha e... não deu pra segurar! E você? - perguntou o americano ao brasileiro.
- A maçã entrou fácil, mas na hora de por a laranja, eu vi o português chegando com uma jaca e uma melancia, aí eu não agüentei!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Eu posso!!!



Normalmente essa afirmação do título dá lugar a uma interrogação - "Eu posso???". A maioria das pessoas se perguntam isso... e se deixam tomar pelo pessimismo, não sei se por não acreditar ou se por preguiça...só sei que que muitos não acreditam no que são capazes e deixam seus medos dominarem os seus sonhos.
Deus criou o ser humano perfeito, capaz de se adaptar a qualquer problema...o nosso corpo é uma máquina perfeita e com uma engenharia fantástica, basta se adaptar.
O nosso limite somos nós que criamos. Usamos uma parte muito pequena do cérebro e isso limita a nossa criação...felizmente nem todo mundo é assim...há pessoas que sonham e correm atrás de seus sonhos e objetivos e por isso coisas a todo momento são inventadas, recordes são quebrados...isso é força de vontade e objetivo.
Vários exemplos nós vemos diariamente e esse vídeo é só mais uma prova do que somos capazes...basta acreditar.