A maioria de nós vive uma grande parte
do tempo com os olhos vendados. Há certas verdades que não queremos –
ou talvez não podemos – enxergar, o que faz com que vivamos num mundo
de realidade inventada. E talvez por medo de alcançar a tão desejada
felicidade, boicotamos a nossa caminhada, para que o destino final
nunca realmente chegue. Tive essa conclusão
ao pensar na quantidade de pessoas que afirmam buscar alguém legal de
verdade pra viver um relacionamento, mas fazem tudo errado – se
aproximam das pessoas erradas, vão aos lugares errados, tomam atitudes
erradas. E acredito que a única razão que justifique isso, seja a falta
de coragem de realmente poder bater no peito e dizer que se é feliz.
Tanto
mulheres, quanto os homens, gastam tempo e energia demais com coisas
que não importam no final das contas. Tem mulher que gasta horas na
academia, fortunas com lingeries, horas preciosas no salão semanalmente
pra deixar unha, cabelo e depilação em dia. Nada de errado nisso –
amamos a feminilidade tão importante nas mulheres. O erro está em achar
que esse tipo de coisa vai fazer com que ela encante e se aproxime de
um homem legal. O que ela talvez não esteja querendo ver, é que todas
as mulheres podem fazer esse tipo de coisa. Ter um corpo malhado,
cabelos sedosos, unhas bem feitas é só uma questão de tempo – qualquer
pessoa que quiser, consegue com um pouco de tempo e dinheiro. Ou seja,
as mulheres se nivelam e ficam todas iguais – lindas, gostosas,
delicadas. O que era pra ser algo especial, se torna efêmero, diante de
tantas réplicas. Não é à toa que volta e meia nos surpreendemos ao
constatar que aquela mulher, mais interessante do que vaidosa, tem um
relacionamento feliz com um cara muito legal, ao passo que as outras,
lindas e impecáveis, lamentam ao perceber que se tornaram apenas mais
uma no meio de tantas outras – entediantemente iguais e nada
surpreendentes.
No caso dos homens,
os que não dão conta de lidar com a felicidade, boicotam-na mentindo
para si mesmo que um carro legal ou um par de bíceps definidos vão
fazer com que ele encontre uma mulher parceira. E então, eles se matam
de trabalhar pra ter o carro do ano, esgotam seus músculos levantando o
máximo de peso que conseguem e se orgulham de conseguir dar 3 numa
noite só. Só que eles não enxergam – ou se recusam a enxergar – que
esse não é o caminho. Assim como as mulheres citadas acima, esse tipo
de homem se iguala a todos os outros que pensam da mesma forma,
resultando numa legião de caras cheios de músculos, mas com a cabeça
vazia. Todo aquele esforço dedicado no processo de se tornar atraente
para as mulheres, acaba tendo efeito contrário – as mulheres
interessantes logo sacam que se trata de mais um – ótimos para um fodida
pontual, mas totalmente dispensáveis depois de algumas gozadas.
Só
que as pessoas não falam disso. Todo mundo tenta te convencer que o de
fora conta mais do que o de dentro, porque seres que não pensam são
mais facilmente manipuláveis. É muito mais fácil controlar uma pessoa
que tem como meta de vida um carrão, do que controlar aquela que pensa e
se questiona. E como os semelhantes se atraem, seres vazios seguem se
encontrando e multiplicando os buracos ocos de dentro de seus seres. Os
que têm sorte de ter um clique a tempo, se desesperam ao perceber
quanto tempo desperdiçaram com coisas insignificantes. Menos mal, já
que todo mundo tem o direito de se arrepender. Duro são aqueles que
passam a vida toda sem a coragem de fazer um movimento simples – tirar a
venda dos olhos. Esses são aqueles que saem espalhando para os quatro
ventos que não acreditam no amor, que relacionamentos só servem pra
trazer dor de cabeça, que não existem mais pessoas que prestam no
mundo. E aí fica aquela pergunta mais incômoda do que um furúnculo na
nádega – o problema é você, ou todo o resto do mundo?
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