Quatro homens ficaram bloqueados numa caverna por uma
avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para poderem receber
socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao
redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse, todos morreriam de frio
antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na
fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver.
O primeiro homem era um rico avarento. Ele estava ali
porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um círculo
em torno do fogo bruxuleante, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no
aspecto rude e nas roupas remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e
enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou: - Eu, dar a minha lenha
para aquecer um preguiçoso?
O segundo homem era negro. Seus olhos faiscavam de ira
e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela
superioridade moral que o sofrimento ensinava. Seu pensamento era muito
prático: - É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além
disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem. E
guardou suas lenhas.
O terceiro homem era o pobre da montanha. Ele conhecia
mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele
pensou: - Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.
O último homem trazia no rosto e nas mãos os sinais de
uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido. - Esta lenha é minha.
Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos meus gravetos.
Com estes pensamentos, os homens permaneceram imóveis. A última brasa da
fogueira se cobriu de cinzas e finalmente apagou.
Ao alvorecer, quando os homens do socorro chegaram na
caverna encontraram os cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de
lenha. Vendo aquele triste quadro, o chefe da equipe disse:
- O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o
frio de dentro.
Autor Desconhecido
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