Serapião
era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade. Ao seu lado, o fiel
escudeiro, um vira-lata que atendia pelo nome de Malhado. Serapião
não pedia dinheiro.
Serapião
era conhecido como um homem bom, que perdera a razão, a
família, os amigos e até a identidade.Não bebia bebida alcoólica,
estava sempre tranqüilo,mesmo quando não havia recebido nem um
pouco de comida.
Tudo que
ganhava, dava primeiro para o malhado, que, paciente, comia e ficava
a esperar por mais um pouco.Não tinha onde dormir, onde
anoiteciam, lá dormiam..
Certo
dia, fui bater um papo com o velho Serapião.
Curioso
perguntei: Como vocês se ajudam? Ele me vigia quando estou
dormindo; ninguém pode chegar perto que ele late ataca.
Também quando ele dorme, eu fico vigiando para que
outro cachorro não o incomode. Continuando a conversa,
perguntei: Serapião, você tem algum desejo na vida? Sim, respondeu ele – tenho
vontade de comer um cachorro quente, daqueles dali na esquina.
Só
isso? Indaguei.
Saí e
comprei um cachorro quente para o mendigo. Voltei e lhe entreguei. Ele
arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu e em seguida tirou a salsicha,
deu para o Malhado, e comeu o pão com os temperos. Não
entendi aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor
pedaço, não contive e perguntei intrigado:Por que você deu para o Malhado, logo
a salsicha? Ele com a boca cheia respondeu: Para o melhor amigo, o
melhor pedaço! E continuou comendo, alegre e satisfeito.
Pude
aprender naquel dia: “PARA O MELHOR AMIGO O MELHOR PEDAÇO” Espero que sejamos
mais um Serapião.
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